quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Uma nova cor?



Imagem feita agora mesmo, tentando colocar em prática um enquadramento que já penso há algum tempo. Inicialmente a ideia era apenas o corpo solto no espaço;


E então me ocorreu a ideia do círculo aparecer, deixando a área em contato em negativo;


E então, pensei em colocar o homem em vermelho, estando sua área de contato em negativo ainda - o que resulta no ciano, uma nova cor no processo, como está na primeira imagem. A questão é: seria mesmo interessante - principalmente se considerar esta altura do campeonato - inserir uma nova cor no curta? Desde muito tempo que convencionei que só haveria, além do preto e branco, o vermelho, e somente este. A dualidade, ou melhor, esta relação entre as cores pra mim já estava bem amadurecida, ou pelo menos em processo avançado, mas ao me deparar agora com esse ciano me vem à cabeça algumas consideração teóricas - o ciano não é o inverso do vermelho? Isso pode ser usado a favor da ideia do filme, pois de fato só quando há contato do vermelho com o preto ele apareceria, o que dá um caráter específico a essa cor, ou seja, ainda mais do que as outras, esta apenas se faz necessária em determinadas condições, o que a torna quase narrativa. Bom, agora quase três da manhã, acho que hoje vou dormir com esta questão na cabeça, e ver o que o dia amanhã traz de novo. Enquanto isso, deixo a questão sem resposta, e estou aberto por sinal a sugestões e opiniões... :)

domingo, 5 de setembro de 2010

Planejamento do caos


Acima, o planejamento final do filme. Já vi, revi e vi novamente o todo muitas vezes, e ao mesmo tempo que quero manter o máximo de espontaneidade possível, tenho uma linha a qual me ater, o que ajuda principalmente nos momentos mais complexos. A ideia geral é ser solto, fluido e livre mas ao mesmo tempo ter uma narrativa mínima - no caso, o círculo, o ciclo de vida de uma pessoa, do nascimento à morte, e o que acontece nesse meio tempo dados os blocos acima. Não gostaria, porém, que isso ficasse muito claro no filme final, e uma vez terminado vou gostar muito de ouvir opiniões de pessoas que viram coisas completamente diferentes :D

Acredito também que a folhinha manuscrista acima ilustra bem o caos que a produção tem se tornado, com todos os planos sendo pensados ao mesmo tempo e diversos destes executados ao mesmo tempo. O prazo se aperta (tenho que entregar tudo em algumas semanas), cada plano e cada sequência tem a sua própria complexidade e às vezes bate um pequeno desespero, às vezes razoavelmente grande. A visão do resultado final porém é algo que sempre é uma energia constante que nos leva rumo à conclusão, ao mesmo tempo que tudo o que aparece (caminhos inesperados que surgem), na medida do possível, vai sendo incorporado. O filme acabado, espero eu, deve refletir isso, nos seus oito minutos e quinze segundos calculados até então para durar. Em frente. :)

sábado, 21 de agosto de 2010

Múltiplos

Cena em desenvolvimento, estudando a ideia de um personagem que se multiplica durante o seu desenvolvimento. O resultado está saindo melhor do que eu imaginava, e com esse esquema posso ter cenas mais longas e 'fortes'.

Agora o filme está realmente na sua reta final; em algumas semanas deverá estar 100% finalizado; nos próximos dias estarei gravando a trilha sonora com Daniel. Em frente! :)

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Tradicional + Bizarro = ?

Imagem que me ocorreu um outro dia, quando imaginava sequências um pouco mais figurativas pro curta, mas ainda com muitas metamorfoses, o que pode resultar algo legal. No caso desta imagem; depois de segurar o Círculo como se fosse uma bola, o Homem brinca um pouco com ele, fazendo várias coisas. Tenho que reconhecer que tenho certa dificuldade pra animar as coisas mais simples como pessoas andando, segurando e interagindo com coisas e tal - aliás, nem é tanto dificuldade, mas pouca prática mesmo. Mas, como tudo é desafio, vamos em frente. Planos animados mais "tradicionais" convivendo com outros momentos mais loucos e bizarros podem dar um resultado interessante... :)

domingo, 28 de março de 2010

Esboço: Homem


Enquanto rabiscava e pintava em um dos diários gráficos dedicados ao curta, cheguei a um visual de personagem que achei interessante. Não tinha pensado em personagens mais 'detalhados', mas este me fez vislumbrar novas possibilidades. O Homem definido de forma frontal e mais clara.


De repente poderia figurar em uma cena de desespero, com todas as linhas se movendo, contudo com os olhos fixos no nada, ainda envolto por tudo aquilo que o círculo traz à roda da vida; este momento  por sua vez estará mais para perto do fim do filme, quando tudo estiver ficando ainda mais caótico. Fiz até uma montagem simples, pensando em um enquadramento dele num plano;


E assim seguimos na produção - temática, processos e técnicas sempre lado a lado, sempre pensadas simultaneamente... em frente. :)

quinta-feira, 25 de março de 2010

Mente e corpo


Imagem da noite, isto é, em produção nesta madrugada, nestas exatas 03:36 da manhã. É parte de uma cena que surgiu de um teste, e onde comecei a mesclar conceitos e estou então chegando em uma possibilidade que está me agradando. Coisas como mente, corpo, coração, razão, emoção, ligações, transmissão... tudo isso aliado a um ritmo mais trabalhado, alternando momentos lentos e rápidos (que por sinal estou me esforçando pra colocar neste filme). Vou colocar tudo no caldeirão e ver no que dá :)

terça-feira, 23 de março de 2010

Diários gráficos de produção

Imagens de alguns dos meus diários gráficos, estes contando com estudos, testes e ideias para o Círculo. Vários desenhos destes já viraram sequências em produção, e outros ainda em análise, mas de qualquer forma refletem coisas que foram pensadas e criadas nas mais diversas circunstâncias e lugares, como em salas de espera, ônibus, na rua e sobretudo em casa mesmo, à noite,  na madrugada adentro e fora do ateliê, naquelas horas intermináveis antes de dormir, onde tentamos descansar a mente... e aí, ideias sempre aparecem. Nada então como um caderno à mão :)


A propósito, o caderno pequenino foi confeccionado e me dado de presente pela amiga Alana Linhares. Fazer estes caderninhos, aliás, é uma arte. Um dia eu aprendo e também faço os meus próprios... :)

segunda-feira, 15 de março de 2010

Entrevista - TV Diário (2009) - Imagens

Imagens de uma entrevista realizada em outubro do ano passado, para o programa Tarde Livre, da TV Diário. Na ocasião mostrei alguns dos diversos processos que estão em andamento no curta, como desenho à tinta sobre papel e xilogravuras. Foi bem bacana, tive tempo para falar sobre a abordagem e as técnicas bem abertamente e à vontade. Ainda não consegui a cópia da matéria em si - que nem vi como ficou, editada e tudo -, mas logo que a tiver em mãos posto aqui.


Fazer em frente à câmera aquilo que você faz no seu ateliê numa boa é sempre algo complicado. Como "fingir" não estar sendo atentamente observado e filmado? De qualquer forma, adiantei alguns frames a mais na produção, durante a reportagem. Abaixo, algumas das xilos de estudo e o frame 781, parte de uma sequência que mal posso esperar pra ver como vai ficar quando pronta.


As fotos são de Karol Ximenes, da Caramelo Comunicação, empresa responsável pela assessoria de imprensa do curta. Agradecimentos também ao NUCA - Núcleo de Cinema de Animação Casa Amarela Eusélio Oliveira / UFC, que cedeu gentilmente o espaço para a entrevista.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

02:12 da madrugada


Encontro-me em pleno processo de produção, no mesmo plano da postagem passada. Acima, o frame 020 desta sequência, no exato estágio que se encontra agora, enquanto dei uma parada para atualizar o blog. Estou percebendo um ritmo interessante nesta noite, como já há algum tempo não sentia. Após ver os primeiros segundos deste plano vejo que a animação está indo por um caminho bem interessante, embora por vezes até inesperado, mas posso dizer que as coisas estão caminhando bem. Nos últimos dias tomei a decisão de pegar mais alguns meses para concluir o curta; esta e outras cenas me mostraram que devo a todo custo terminar este filme como se deve, e até lá a dedicação deve ser quase integral, para dar então a cada frame a atenção e o cuidado devido. Muito ainda falta (e com certeza a fase final do quebra-cabeça da montagem de todos os planos será bastante complexa...), mas espero em menos de seis meses fazer ainda mais do que foi feito em mais de um ano de produção, até então, e assim finalizar este trabalho, que para mim está sendo quase como um 'longa-metragem'.
Agora, de volta ao trabalho, que a noite ainda será longa... :)

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Processos


Um pouco dos 'bastidores' do curta. Aqui, algumas imagens da tela do computador, que desde os últimos dias tem estado com esta cena em andamento. Em meio à bagunça de navegadores, backups e janelas do meu monitor, vou dando prosseguimento ao curta...


O Corel Painter com certeza é um programa muito intuitivo; é fácil se adaptar a ele e tê-lo como realmente uma "extensão" do seu corpo - como o são, inclusive, todas as boas ferramentas, isto é, aquelas que nos adaptamos. Desde a 'prova de fogo' que foi o Linhas e Espirais, as técnicas digitais se tornam mais claras pra mim a cada momento, e as possibilidades se tornam cada vez maiores. Logo abaixo, o frame da tela de cima finalizado.



Para esta cena, tudo começou com o pequeno esboço abaixo, feito numa destas madrugadas. Ainda estou pensando em como exatamente vai se desenrolar e onde precisamente este plano vai estar no filme, mas com certeza é algo que estará lá. Também a ideia mais abaixo, ainda na folha, de uma possibilidade para o surgimento do  "Olho" é algo que quero manter.


E assim vamos em frente. Enquanto escrevo esta postagem, assisto a um programa de TV onde é entrevistado um escritor, e ele está falando o quanto se sentar para escrever é algo que faz de alma aberta, sem ideias anteriores, e é um território onde tudo pode acontecer. Simpatizo com esta abordagem, e é exatamente o que quero fazer em cinema de animação - sair das tradicionais e demoradas preparações ultra-detalhadas para cada cena, dos planejamentos minuciosos e excessivos, e deixar tudo mais livre e espontâneo. Bom, de volta ao trabalho :)

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Novos planos






Novos planos de cenas que estão por vir. Aconteceu de eu estar nas últimas semanas revendo alguns materiais meus mais antigos, como esboços, estudos e testes para ilustrações e curtas que nunca realizei. Nestes materiais normalmente rimos de certas coisas que fizemos e hoje achamos engraçadas (ridículas até, em alguns casos), mas há certas coisas - neste caso, alguns desenhos - que gostamos muito, e encontrei alguns estudos onde distorcia perspectivas de cenários e os estilizava em alto contraste em preto e branco, além do traço estar muito solto e "rabiscado" de uma forma que muito me agradou, indo na mesma direção do que tenho estudado hoje. Em cima destas imagens, então, resolvi criar novas para algumas das sequências do curta, onde saímos das formas redondas/orgânicas de até então e entramos em possíveis cenários angulares e distorcidos. Acho que será um contraponto interessante à tudo feito até então, e ao mesmo tempo não saímos da estética geral do filme e nem da ideia de mergulhar na vida de um indivíduo, que representa toda a humanidade. Altos e baixos, glórias e infelicidades, o céu e o inferno... A relação do homem com ele mesmo é um dos principais temas deste curta, e espero que estes novos estudos aproximem ainda mais o material do seu objetivo. Em frente :)

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Marcha Egípcia

Logo no começo deste projeto, há cerca de três anos atrás, quando a ideia ainda estava bem simplificada (e nem havia sinal de inscrever o projeto em editais nem nada assim), uma das primeiras trilhas que pensei em usar para o filme foi a Egyptian March, de Johann Strauss II. Ela tinha bem o clima meio caótico e ao mesmo tempo exagerado que eu queria - exagerado no sentido de amplo, vasto, onde tudo sempre cresce em demasia e fora de controle. Estes conceitos ainda permanecem válidos até hoje no projeto. Mesmo já tendo definido que vou desenvolver uma trilha original com um músico (meu amigo Daniel Albuquerque), esta pérola clássica ainda permanece uma referência para o filme.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Visões




     Imagens em processo, para a sequência intitulada "Visão". Após o "nascimento", há este momento onde o Homem ganha a Visão, e pode então enxergar além. Encontrar esse caminho no meio do monte de possibilidades que sempre me aparecem foi também uma visão interessante. Curiosamente, essa ligação me ocorreu durante uma aula na faculdade de filosofia (curso que retomei recentemente, por sinal). Ironicamente, não estava havendo aula, pois o professor ainda não havia chegado. No verso de uma folha de outra disciplina comecei a rabiscar, e a figura do olho me ressurgiu. De repente, vi um poderoso elo entre várias sequências que havia feito antes, mas que ainda não sabia como resolvê-las. Agora as coisas estão um pouco mais claras, no processo tão pessoal de se fazer este filme.
     Voltando às imagens, a primeira foi feita hoje mesmo, num estudo para o começo da sequência da Visão. A textura de fundo é algo que já buscava há tempos, e a melhor maneira de fazer que encontrei no momento é a digital, direto no Corel Painter, com a ferramenta do lápis de cor. Embora demore um bocado para uma imagem assim ser criada (entre 20 a 30 minutos), considerando a quantidade delas que imagino pra esta sequência (que será de algumas centenas), ainda vale todo o esforço, comparando com outras cenas, que bons resultados são conseguidos com frames feitos muito rapidamente. Enfim, mas cada uma é cada uma. Cada cena pede o seu processo e o seu tempo, tenho que respeitar isso. Já a segunda imagem é uma que já tenho feita há um bom tempo (cerca um ano atrás), mas que passou a não se encaixar depois fiz alterações (nova e novamente) as sequências. Se pensar porém do ponto de vista do Olho, fica bem interessante. Peguei então a imagem e fiz um olho na parte vermelha, e agora as coisas parecem se encaixar bem. Só preciso colocar o olho nos outros desenhos desta cena e o resultado deve ficar interessante.
     Como sempre comento, vários momentos do curta estão em processo simultaneamente. O bom é que não nos cansamos de uma sequência - ou melhor, até me canso, mas aí posso fugir pra outra, e renovar um pouco o "ar"... :)

     Já foi dito que o processo de se criar um filme de animação é algo muito solitário. Bom... eu particularmente concordo. Pelo menos da maneira como faço, onde crio meus trabalhos sozinho ou com mais uma pessoa, é tudo mesmo muito pessoal. Ao criar as cenas sem grande preocupação, de forma espontânea, como saem da cabeça,  cada vez me identifico mais (claro, resguardadas as devidas proporções) com a busca do mestre Norman McLaren, que sempre pensava em maneiras de estar mais livre, espontâneo, solto e dentro do seu trabalho, mais mergulhado, sem tantas etapas que distanciem o artista da sua obra. Pois, afinal de contas, cada imagem do presente trabalho deve ser concebida, executada, finalizada, digitalizada, tratada, ordenada, montada... e no fim de tudo isso, é muito fácil você se perder ou mesmo querer fazer tudo diferente, pois aquela chama presente na hora da criação inicial muitas vezes se apaga parcialmente ou então vai queimar em outro lugar. Isso não necessariamente é ruim, mas do ponto de vista do curta, as coisas ficam inacabadas ou feitas de uma maneira "mais ou menos". Voltando para o caso do "Círculo", claro que a criação direto no computador elimina vários dos processos que descrevi, mas nada tira o "sabor" das imagens criadas fisicamente. É só olhar para o efeito dos raios saindo do olho da figura, na segunda imagem, feita com nanquim diluído. Não há como se replicar um efeito de aquarela digitalmente. Por outro lado, retoquei esse nanquim digitalmente para ficar vermelho, e funcionou melhor ainda. Enfim! Fazer cinema, cada vez vejo mais, não é câmera, não é roteiro, nem atores, nem desenhos, nem pinturas, nem edição, nem nada disso. Aliás, fazer cinema nem sequer é cinema. É na verdade vida, é se criar vida. E para isso, o essencial, na minha humilde visão, é: tomar decisões. Fazer escolhas. O tempo inteiro. Mesmo que não se faça sentido, mesmo até que não concordemos, o importante é não parar. Em frente :)

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Fecundação e Big Bang


     Um estudo para a sequência do início, na verdade o fim do começo. Estou em processo de várias cenas, e esta é para onde os desenhos iniciais vão levar, seguindo nesta ideia de fecundação, e posterior nascimento, geração. Pretendo criar imagens que não pareçam diretamente com alguma coisa, mas que sempre estejam em mutação, em transição, em processo realmente. Logo, nesta sequência a princípio se vêem aparentemente espermatozóides e um óvulo, mas logo após penetrarem no núcleo, o resultado será semelhante a um big bang, e aí estas células estarão mais para galáxias, planetas e asteróides. E entre, claro, inúmeras outras interpretações. A animação experimental traz estas possibilidades: nem tudo é o que parece, e nem precisa ser.

     Também estou retomando a produção dos frames pintados fisicamente, com nanquim e acrílica sobre papel. Há desenhos de quase um ano atrás, que não via há muito tempo. Muita coisa mudou de lá pra cá, e enquanto há sequências que ainda não sei como vou resolver, há boas surpresas e cenas que se encaixam perfeitamente com as feitas com ferramentas digitais. A fusão suave entre as técnicas é outro objetivo deste curta; ao invés de fazer algo naquele esquema tradicional de "agora é a hora da parte em lápis de cor", "agora, a parte digital" e "por fim, a parte com xilo", onde tudo fica muito marcado, a ideia é fazer de fato tudo se fundir naturalmente. Claro, os momentos com as técnicas se alternarão, mas espero conseguir parecer que tudo seja uma coisa só, que a unidade do filme perpasse em cada frame, independente da técnica.

     Em frente! Em breve, mais dos processos simultâneos de produção :)